Opinião

Ao amigo e colega, deputado Daniel Trzeciak

Por Marcelo Oxley
Jornalista
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Foi na Universidade Católica de Pelotas, em 2008, que nos tornamos comunicadores, na mesma turma. Difícil não recordar dos queridos professores Manoel Jesus, Jorge Malhão, Cilon Rodriguez (memória), Carlos e Raquel Recuero, dentre tantos outros. Ali, montávamos também o nosso futuro, caráter. Talvez não imaginássemos que conversaríamos um dia sobre política.

O respeito e admiração que tenho pelo nosso deputado não é repentino, em vários encontros sempre deixei bem claro. É visível o reconhecimento que tenho por seu importante trabalho para nossa cidade. Fatores esses que me permitem, com delicadeza, discordar em partes do seu último texto para esse Jornal. A opinião sobre os pedágios ficou clara, porém é preciso debater sobre outros pontos.

Realmente não temos o poder de obrigar qualquer empresário/investidor para que se fixe em Pelotas, todavia temos o dever, a obrigação, de tentar "induzi-lo", "seduzi-lo", tudo no melhor dos sentidos: subsídios da prefeitura/Estado, parcerias com nossas universidades (mão de obra qualificadíssima), praças de pedágios acessíveis são algumas alternativas. Se me permites, não temos uma boa harmonia com novas portas de trabalho há anos. Não dispomos de novas empresas. O hospital emergencial, muito citado por políticos e visto como um grande marco na fomentação de oportunidades, será essencial para a área da saúde de Pelotas. Mas quantos novos empregos virão? Serão fixos? Pararemos por aí?

Quando o amigo cita que preenchemos requisitos para sermos atraentes aos novos investidores, devo comentar que não é nenhuma novidade; há anos dispomos dessa "barganha", inclusive no que tange questões políticas, mas pouco acontece. Temos ótimos cursos profissionalizantes e universidades, mas para onde estão indo os nossos formandos?

Retomando ao principal tópico do texto proposto pelo nosso deputado, o pedágio, temos uma das praças mais caras do Brasil e ainda poderemos ser contemplados com mais algumas. Além do mais, não observo um constante empenho para que o Tribunal de Contas da União (TCU) aprove a redução dos seus valores, por muito manifestada. Há, de fato, uma pressão dos nossos representantes ou ela ficou a preço de campanha política? Concordamos que o pedágio é um fator determinante para novos postos de trabalho e, enquanto isso, os nossos profissionais formados em Pelotas estão sendo sugados por estados vizinhos há décadas. Se um pelotense apresentar o seu currículo em Santa Catarina numa segunda-feira, já estará contratado para trabalhar 24 horas após.

Aqui não trago cunho político, apenas escrevo trechos clichês e que até agora não foram solucionados: Pelotas não tem novos postos de trabalho. Uma coisa é solidificar o que temos (essencial), a outra é suprir a necessidade que o município tem em preencher a dignidade do pelotense e isso se chama emprego!

Gostaria de ver, agora reeleito, Eduardo Leite levantando essa bandeira (pedágio). Mesmo entendendo que seja de cunho federal, lutar pelas demandas da Metade Sul do Rio Grande do Sul é o mínimo para um dos maiores colégios eleitorais do Estado, o qual, mais uma vez, foi decisivo para os anseios políticos do governador. Mas que essa batalha não seja morna, lenta ou com período marcado; que seja combatida com a mesma bravura de uma campanha política. A propósito, a Metade Sul do Estado precisa de muito mais atenção, não há traços comparativos com a Metade Norte e todos sabem dessa disparidade econômica.

Se todos os políticos em questão soubessem da força que há em Pelotas, se mobilizariam em conjunto para que fôssemos mais competitivo às novas demandas. O que me parece é que estagnamos no tempo.

Ao meu amigo Daniel, parabenizo pelo ótimo trabalho que tem realizado para o seu Estado, sua Princesa do Sul. Tenho certeza que tua dedicação à cidade que lhe formou não cessará mesmo que o nosso próximo representante executivo municipal, porventura, não seja do mesmo partido. Não há falta de caráter ou pretensões para tal, nunca houve.

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